Somos indivíduos!


Seguindo os costumes brasileiros, o primeiro post do ano só poderia acontecer depois do Carnaval. Acabaram os dias de farra, que para mim foram mais para descanso. Eu até assistiria um desfile de escola de samba só para ver aquela coordenação toda da bateria que muito me atrai, mas eu jamais estaria varando a noite sambando ou seguindo algum trio elétrico que exala fragrância Suor-Humano gritando “sou chicleteira” rs.

Enfim...Mal deu tempo de varrerem os confetes carnavalescos das ruas e já me deparei com ovos de páscoa no mercado. Não deu nem tempo de respirar entre uma data e outra, a cultura marketing já vem bombardeando nossos olhos. Por falar em mercado, quando estava na fila me deparei com uma moça (vou chamá-la de Senhorita Avatar – porque ela usada uma roupa toda azul e sombra azul escura) na minha frente que dizia com um ar de moralismo à sua amiga: “Eu já falei, você tem que ter o seu individualismo!” e continuava “Sem individualismo você será só mais uma”.

Eu não conheço as personagens daquela conversa para julgar as afirmações, mas com certeza foi mais uma das redundantes situações em que as pessoas confundem Individualidade com Individualismo. Só para refrescar as idéias: A Individualidade pressupõe o respeito às diferenças de cada indivíduo, suas particularidades definidas pela personalidade, caráter e cultura de cada um. Já Individualismo (erroneamente citado nas frases da Senhorita Avatar) refere-se ao egocentrismo, egoísmo!

O que tem acontecido é a perda da individualidade e a cristalização do individualismo.
As pessoas estão se “ilhando” em situações como troca de experiência, diálogo, superação de problemas e se deixando influenciar em relação ao estilo de vida, paladar, gosto musical, aparência, gosto artístico, forma de pensar etc. A geração fast-food e a televisão estão moldando nossos gostos e estilos asfixiando a individualidade de cada um. Essa repressão psicológica quanto à individualidade mesmo que inconsciente acaba se transformando em frustração, insatisfação que automaticamente se mistura no meio da competitividade da sociedade gerando o individualismo.

Concluindo, se a Senhorita Avatar inverteu as palavras, realmente tenho que concordar plenamente com o raciocínio de que “Você tem que ter a sua individualidade” e “Sem individualidade você será só mais um(a)”

4 comentários:

Ovelha - Born to be Wild! disse...

As pessoas tentam ser diferentes. Diferentes dos outros, que a cercam, para que recebam destaque. Mas vamos refletir: para que querem tanto se destacar?
Primeiramente, claro que tem o lado da ascensão social, ser melhor que o outro, cobiça natural de nós, seres humanos. Mas acredito, e muito, que o principal motivo disto, é a pessoa poder chegar ao final do dia e dizer para si mesma "eu sou única". Pois esta numeralização de pessoas que o capitalismo acabou por criar, acabou também por fazer tendências serem seguidas por massas, equalizando gostos e até mesmo opiniões.
Essa nova sociedade tem sido tão traumática para a mente das pessoas, que criou a necessidade quase que instintiva de se diferenciar.

Mas peraí: individualidade é, necessariamente, ser diferente? Eu acho que não.
Muitos ficam cegos perante esta questão, pensando: "sou infeliz, mas percebo que as pessoas que gostam de X e são diferentes, são felizes. Logo, se eu gostar de X, vou ser diferente, e provavelmente feliz". Que maneira absurda de se pensar!!

A individualidade é, antes de tudo, fruto da mais pura reflexão: você tem que perceber os seus gostos, se gosta de beber, qual gênero de música, se gosta ou não de luxo, se gosta de futebol, etc etc etc etc. E isto, primeiramente, se dá com informações que têm de vir da sua própria experiência com o mundo.
Mas, conforme supramencionado, as pessoas pensam que são felizes olhando o próximo!! Quando na verdade somos tão diferentes, no ponto de vista de gostos e prazeres!!

Falta reflexão nesse mundo. Falta, ainda para muitas pessoas, se descobrir. E realmente, o papel da mídia, especialmente a televisão (que tem o poder de fazer-nos parar de pensar, quando ligamo-a), nos fez parar de refletir.

Em vez de pensar em quem somos, e tentar sê-lo, tentamos ser aquele ou aquela que parece feliz. Mas esquecemo-nos o quão o que para ele(a) pode fazer bem, pode ser desprezível para si mesmo.

PS.: Daí o Big Brother, que tenta consolar os que não acharam sua maneira de ser feliz (90% da nação), fazendo-os copiar os que aparentam felicidade, na pós-frustrante tentativa de talvez, um dia, ser alguém.

PCN disse...

Bom texto!
Mudar a cabeça das pessoas, esse é o hábito da nossa nova cultura. Eles moldam cada pessoa, fazendo todos gostarem da mesma coisa, assim vendendo mais...

E pior, isso não vai mudar!

Tenso porém verdade, você se expressou muito bem!

http://papeisriscados.blogspot.com/

Caroline disse...

Realmente são coisas diferentes, mas muitas vezes usamos as palavras de forma errada, em todo o caso, não sei, só achei divertidíssima a descrição da senhora do mercado, vestida inteira de azul! rs...

E sim...sim! Mal saímos do clima erótico-carnavalesco para entrarmos na infanto-páscoa.

bjs

Robinho Bravo disse...

Ano só depois do carnaval...
Infelizmente odeio essa data!
hehehe

Eu sou um adepto da boa e velha individualidade, fugindo de todo o qualquer tipo de "agito social agregado"

Postar um comentário